02 junho, 2006

"O poeta" por Vinícius de Moraes

A vida do poeta tem um ritmo diferente *Vinícius de Moraes
É um contínuo de dor angustiante.
O poeta é o destinado do sofrimento,
Do sofrimento que lhe clareia a visão de beleza
E a sua alma é uma parcela do infinito distante
O infinito que ninguém sonda e ninguém compreende.

Ele é o etemo errante dos caminhos
Que vai, pisando a terra e olhando o céu
Preso pelos extremos intangíveis
Clareando como um raio de sol a paisagem da vida.
O poeta tem o coração claro das aves
E a sensibilidade das crianças.
O poeta chora.Chora de manso, com lágrimas doces, com lágrimas tristes
Olhando o espaço imenso da sua alma.
O poeta sorri.
Sorri à vida e à beleza e à amizade
Sorri com a sua mocidade a todas as mulheres que passam.
O poeta é bom.
Ele ama as mulheres castas e as mulheres impuras
Sua alma as compreende na luz e na lama
Ele é cheio de amor para as coisas da vida
E é cheio de respeito para as coisas da morte.
O poeta não teme a morte.
Seu espírito penetra a sua visão silenciosa
E a sua alma de artista possui-a cheia de um novo mistério.
A sua poesia é a razão da sua existência
Ela o faz puro e grande e nobre

E o consola da dor e o consola da angústia.
A vida do poeta tem um ritmo diferente

Ela o conduz errante pelos caminhos, pisando a terra e olhando o céu
Preso, eternamente preso pelos extremos intangíveis.

A poesia metalínguística sempre foi a preferência dos poetas. Definir-se como poeta, ou tentar pensar sobre é o mais difícil dos escritos. Penso eu, que o poeta só se torna poeta quando dele se tira o ponto de exclamação ou de interrogação de sua tarefa "tangível", fastasmagórica, real...

São tantos os adjetivos... que ouso dizer que o poeta é algo indecifrável. Porque nele nascem coisas, tranforma-se dele tudo em pensamento e a partir desses pessoas riem, choram se fazem até mesmo poetas.

Será que aquela menina que vivia lendo, lia "Só tu"... nunca escreveu em seu diário coisas de seu amor mais que perfeito e nunca correspondido? Poesia transforma poesia, quando não em dores vazias ou felicidades momentâneas. É nessa perpectiva que o autor se caracteriza, se diz feiticeiro, menino, bandido.

"A poesia é um nexo entre dois mistérios: o do poeta e o do leitor
- Autor:
Dámaso Alonso

Um comentário:

Poesia em Rede disse...

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